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Após o primeiro turno na França


O resultado do primeiro turno das eleições francesas, tecnicamente empatadas durante a reta final dessa primeira etapa, traz um outsider, o centro-esquerda Macron, e a extrema-direita, do partido Frente Nacional, já conhecida, Marine Le Pen. Os dois principais partidos franceses (o gaullista e o socialista) ficaram de fora do segundo turno pela primeira vez.

Embora Le Pen tenha apoio declarado de Putin e Trump (talvez o principal ponto de acordo entre os dois em termos de política externa), não se pode comparar os votos obtidos por ela com as eleições dos EUA. Trump, embora extremista e falando para uma minoria de nacionais excluídos, desempregados e desesperançados – que se viam preteridos em sua cidadania frente aos estrangeiros e aos investimentos em estabilidade internacional do governo Obama –, tinha o suporte e os votos de um grande partido na história do país, o Partido Republicano. Já Le Pen tem o mesmo público-alvo de Trump em seus discursos, mas não tem a representatividade partidária de seu colega norte-americano. O partido de Le Pen, a Frente Nacional, tem dois representantes no legislativo francês e historicamente tem um eleitorado fiel, mas de crescimento lento, principalmente votos de protesto.

Macron também capitalizou os votos de protesto, mas atraiu principalmente aqueles votos dos cidadãos que estão desacreditados com a política tradicional. Nomes tradicionais ou apoiados pelos tradicionais foram rechaçados e os votos se acumularam em um outsider, apesar de Macron ter sido ministro, ele é mais citado como um gestor. Os votos depositados em Macron lembram muito os votos depositados em Trump (empresário, de fora da política tradicional) e também em Dória (o gestor). O atual presidente francês, François Hollande, declarou, após o resultado parcial, que não vai tornar pública sua preferência dentre os dois candidatos no segundo turno, uma clara estratégia para não migrar a rejeição política para Macron.

Em termos de política externa, os dois candidatos têm posições extremas, especialmente quando o assunto é integração europeia. Le Pen busca um processo de retirada da França do acordo, o que, a médio prazo, pode significar o fim da integração e o enfraquecimento do Euro. Macron defende a intensificação da integração. Isso pode levar a um fortalecimento das economias francesa e alemã dentro do bloco e um distanciamento do Reino Unido. Internamente, a escolha do candidato vai referendar também a posição da população sobre a integração europeia. Mas mesmo considerando essa questão, o fator descontentamento político ainda fala mais alto.

A observação possível, nesse caso, é que apesar da crescente ameaça terrorista e também da crise econômica, a política francesa está respondendo mais claramente a uma crise da política tradicionalmente conhecida. Assim como no Brasil, o descontentamento atinge partidos e políticos.

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