top of page

Análise do discurso de Michel Temer na 72a. AGNU


20 de setembro de 2017, o presidente Temer abre os debates da Assembleia-Geral das Nações Unidas novamente. Tradicionalmente, o Brasil é o país que inaugura os discursos todos os anos, e o discurso do presidente dá o tom da proposta de política externa nacional. Exatamente por isso, não foi muito diferente das últimas participações brasileiras, mesmo ao dar o tom pessoal de seu governo em sua fala.

Na 72ª reunião da Assembleia Geral da ONU, o presidente tratou de temas caros ao Sistema Internacional. Com um tom bastante diplomático e muito pouco pragmático, condenou e elogiou atuações dos seus pares. A exortação do papel da ONU enquanto mensageira da esperança, promotora da igualdade, do desenvolvimento e do bem-estar dos povos, em contraste com o crescente desprestígio que a intergovernamentalidade e a multilateralidade têm enfrentado nessa década, especialmente com o fortalecimento dos nacionalismos, que o próprio presidente condena no discurso.

O tema da reforma do Conselho de Segurança volta ao discurso da política externa brasileira depois de alguns anos suplantada por outros temas.

Continua forte o tema do desenvolvimento, mesmo se ainda temos um conflito entre o que é desenvolvimento e as metas do acordo de Paris, cujo cumprimento foi proclamado com ênfase pelo presidente como um objetivo nacional. Meio ambiente, no Brasil, ao contrário do que apresenta o senhor presidente, ainda é um tema a ser muito debatido, pois está longe de ser uma boa prática no Brasil.

A questão do meio ambiente demonstra bem o caráter diplomático do discurso. O Brasil apresenta-se como a vanguarda da proteção ambiental, no entanto, a suspensão (sim, suspensão, o que significa que pode voltar à cena) do acordo que cede parte do território da Amazônia a mineradoras, contradiz a declaração de que "O desmatamento é questão que nos preocupa, especialmente na Amazônia. Nessa questão temos concentrado atenção e recursos. Pois trago a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região”.

O discurso de Temer conteve, ainda, sinais de que o presidente quiz agradar o cenário internacional: informações sobre a economia e as reformas, propostas nacionais para livre comércio, críticas tanto à política nuclear norte-coreana quanto à resposta norte-americana, a exortação à solução de dois Estados entre Israel e Palestina e o incentivo ao diálogo, especialmente no que tange a questão dos refugiados. Pontos que são, desde cedo, pilares de nossa política externa: Não intervenção, integração regional, repúdio ao terrorismo e ao racismo.

No entanto, chama a atenção a ênfase nas questões econômicas e reformas. Apesar de enfrentar, internamente, acusações envolvendo escândalos de corrupção, insiste em anunciar que o Brasil está nos trilhos. Não sendo amarrado aos trilhos de um trem sem freios, já é uma boa notícia.

Dessa declaração frente à Assembleia Geral da ONU, o envolvimento internacional do Brasil, a aproximação do país de um projeto de liderança regional ou assumir seu papel de peso no Sistema, ficamos apenas na expectativa. Novamente.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page